quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Depois daquela notícia, tudo o que eu sentia era um frio na barriga. Normalmente, depois de uma noite daquelas eu deveria sentir tesão, empolgação, um calor e uma vontade louca de encontrar com ele de novo. De ficar à sós. De ter aquele fluxo perfeito todos os dias. Mas não. Todo o frio na barriga que eu sentia era de medo.
Eu não estava preparada para mergulhar de cabeça em uma paixão maluca, mudar de cidade atrás de uma pessoa que eu tinha acabado de conhecer. Eu não estava preparada para me envolver.
Todos os relacionamentos em que eu resolvi me meter desde que eu tinha 10 anos de idade tinham sido um fracasso. Eu tinha vocação para fazer as coisas darem errado. E me mudar com ele seria um passo muito grande.
Ele queria uma resposta bem imediata, como se eu fosse obrigada a tomar a decisão de morar com uma pessoa em questão de 2 dias, mas eu não tinha essa capacidade, então eu protelei. Pedi que ele voltasse para a casa dele e me deixasse em casa pensando.
Então, dias depois ele retornou para a Cidade Maravilhosa e eu fiquei como uma múmia, andando pela vida. Passava a noite acordada pensando na decisão que deveria tomar, trabalhava de forma automática, esquecia de comer e falava com ele cerca de 3 vezes por dia.
Ele estava sempre na praia, tomando sol, comendo uma saladinha ou tomando uma água de coco. O trabalho dele era cuidar do corpo esculpido e do bronzeado perfeito.
Cada vez que ele me dizia que estava na Lagoa Rodrigo de Freitas e eu estava sentanda na frente de um computador com uma calça jeans apertada e um sapato que fazia meu pé transpirar, eu pensava que queria estar ao lado dele. Eu comecei a enlouquecer.
Até o dia que ele me ligou e disse: "Eu arranjei um emprego para você. Não é grande coisa, mas é um bom começo. Eu moro próximo à um shopping e descobri que tem uma agência de viagem precisando de gerente, indiquei você, porque sou conhecido do dono lá e ele aceitou minha idéia. Você precisa vir imediatamente".
Eu nem pensei no que eu estava fazendo, pedi minha demissão, liguei para os meus pais, separei tudo o que cabia dentro de todas as minhas malas e resolvi partir. Comprei uma passagem para o dia seguinte com destino ao Rio de Janeiro.
No dia seguinte, fiz meu check-in e fiquei sentadinha naquelas poltronas geladas do aeroporto, um monte de estranhos passando na minha frente e eu estava suando frio, meus pés estavam gelados e comecei a me sentir um pouco enjoada. Quando chamou meu voo, eu fui andando com a minha bolsa no ombro, segurando a minha frasqueira cheia de perfumes e hidratantes, pensando em todas as coisas que eu estava deixando para trás.
Sentei no meu banco e depois que o avião decolou, antes de iniciar o serviço de bordo eu já estava solicitando atendimento à comissária porque eu precisava de um copo dágua. Pânico. Eu estava entrando em pânico.
Minha vista começou a embaçar, eu estava tremendo.
Quando o avião pousou eu sai automaticamente, deixei minhas malas na esteira e corri para o portão de desembraque, eu queria respirar, o ar condicionado estava me sufocando. Eu passei por todas as pessoas que estavam esperando o desembarque de passageiros e sai correndo pela porta de vidro. Sentei do lado de fora em uma mureta e comecei a respirar muito ofegante. Meu pulmão se encheu com o ar quente e úmido do Rio de Janeiro. Parecia que eu tinha ficado mais pesada depois de colocar ar dentro de mim.
Coloquei as mãos no rosto, meus olhos estavam mareados e cheios de lágrimas.
Eu estava tremendo e de repente escutei uma voz ao meu lado: "O que está acontecendo com você, lindinha?", era ele. Meu deus grego, sentado do meu lado, me olhando com os olhos mais brilhantes que eu já vi, com uma camiseta verde que deixava o tom da pele dele ainda mais lindo e dourado. Mas eu não conseguia racicionar. Então eu disse:
- Isso tudo é um erro. Eu não deveria estar aqui. Vou voltar para casa!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
O primeiro comentário que fiz deu tilte, por isso o apaguei.
Mas como assim? Por que ela quer voltar para casa? Não é um erro, e mesmo que seja, vale a pena! Por algumas pessoas, vale a pena sofrer, quebrar a cara, se arriscar...
Muito bacana a idéia de vocês de cada uma completar o texto da outra. Legal mesmo.
Postar um comentário