Comecei a pensar que desci tão fundo no poço dando um bilhetinho com meu telefone para um barman/garçom que me preocupei com o fato de qual ponto eu era capaz de chegar. Passei o domingo esperando o dito cujo me ligar, mandar mensagem, sinal de fumaça, mas nada aconteceu... então... eu desisti e me rendi aos encantos da TV à cabo.
Segunda-feira, minha semana começou agitada e cheia de trabalho, então não tive tempo de pensar no fato de que mais um homem estava me desprezando, afinal, eu já tinha prática demais nesse assunto para me lamentar, então apenas ignorei o fato.
Os outros dias foram todos passando rapidamente até que quinta-feira, no final do dia, no momento em que eu sai da academia com uma calça desbotada e uma camiseta barata, totalmente suada e cor-de-rosa, com o cabelo preso desgrenhado, resolvi passar no supermercado para comprar alguns alcoólicos, chocolates e comidas prontas. Coisa rápida e cotidiana. Mas foi no momento em que eu estava andando no corredor de iogurtes, buscando uma opção saborosa e calórica que eu levei um susto daqueles.
Eu dei de cara com o barman/garçom. Ele ficou parado na minha frente, olhando bem para minha cara e disse.
- Eu me lembro de você.
- Eu também me lembro de você. Eu te dei meu telefone e você não me ligou - fiquei ainda mais vermelha, mais suada, mais atrapalhada e mais feia.
Ele se desculpou e disse que tinha perdido meu cartão, e eu fiz-de-conta que acreditei. E logo depois veio aquele silêncio, aquele gelo e ele resolveu quebrar fazendo um convite:
- Vamos sair para beber alguma coisa hoje?
- Ah, mas você não tem que trabalhar?
- Ahhh, não. Na verdade eu não trabalho na noite. Eu sou modelo, estava ajudando o meu amigo, que é o dono daquela boate, eu nem sou da cidade, eu sou do Rio.
Estava explicado. Toda aquela beleza, aquele charme, aquele bronzeado tinham que vim de outro lugar. Rio de Janeiro é "hot", eu queria me mudar para lá e ele era meu passaporte. Aceitei sem pensar duas vezes, fui para casa, me arrumei toda e fui à luta naquela noite.
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